Lealdade ao relevante em VCA ilumina não só o leitor mas sua sombra também. É o fato de arte (a expressão em si), (não o ato pessoal de um poeta, o que importa).
O que dá relevância ao poema é a forma (livre). Ao poema é a forma (livre). É livre, porém é forma (alta, pura, grata, súbita, peculiar, úmida – conjunto de modos de dizer o poema que conotam esrilo novo, sempre novo.
O sentido da poesia é o mesmo sentido do mundo (do poeta, que só tem duas mãos e sentimento do mundo para fazer qualquer poema). E só leitores (em especial, leitoras) com arraigada, autêntica, firme, consequente e consciente concepção do mundo (da vida, do ser, da arte, da sociedade) consegue alcançá-lo, recepcioná-lo (ao poema neoposmoderno autêntico, conforme nossa época, aqui, hoje, agora)!
Só tal leitor equipado do que alemão (Hegel e Marx) denominava Waltansshuung é capaz de lê-lo (ao poema absoluto), “entende-lo” (e não entendia-lo).
O poema tem sentido que leitor lhe dê (doa) e não sentindo que poeta por ventura queira (impor automaticamente). É o “faro” altamente desenvolvido do leitor que importa: agora, leitorzinhos faceszinhos de poeminhas minhas, minhas certinhos, rimadinhas direitinho, tudo de acordo abodecido a veneráveis e centenárias (bote centenárias nisso) reguazinhas e reguazonas de versificação conjulada, esses coitados que bem “entendem” de imediato e supetão o “poema”, são idiotas perfeitos.
Então, o leitor deve ter o sentido do poema altamente desenvolvido (a nível maior que do poeta-autor).
O poema verdadeiro (atual, do aqui e do agora) nunca dizer – não veio para tal função meramente informativa ou descritiva... e se o diga... então não é (que não seja) questão de elucidar o poema, mas de absorver sua expressão (o modo de dizer).
Daí, o deboche da interpretação fixada em referenciais automáticos das palavras-em-poema.
Sentir a expressão, o modo como poeta aja, utilize, arranje (sintagmatize o paradigma verbal paradoxal e ambiquamente correto) as palavras no texto lírico.
Saiba o que a poesia deve fazer (e como você falo-á, ao poema).
O conteúdo (a lição de moral ou não o teor político datado ou interesse ideológico) pático a ser posto de lado (bem escanteado) e as virtudes da forma-modo de fazer “poesia” flagranteadas.
Dixit Eliot: o principal numa obra de arte (in casu, obra de arte poética) não é o que ela significa, mas o que ela “faz”. O poema não deve significar, mas ser.
Se faz, o que para nós (poetas e leitores) representante essa praxidade, enquanto arte (da palavra) e não mera macaqueação de rimas e trenas e mencionates e “úteis”.
Poema não se prova com medidas e sons finais elegantes, raros, isócronos, a evidência que o sustente esteticamente não é passível de comprovação, quais proposições lógicas ou prosa (empírica).
A forma significante (ou o significado da forma) validando filosoficamente a arte da pintura e música modernas, alicerçando o poema novo, gerou o conceito de poesia pura (séria, rará, complexa – por definição de poesia).
Busque no poema absoluto o que a palavra suspende de sentido (grátis, factual, imediato, dado), muito para além de alcances discursivos (ou explícitos).
Dê adeus a toda inercia da imaginação lendo PA (ou fazendo: no Fiat, está a luz da palavra).
Como coerência está vinculada a lógicas, e mecanismos versificativos são coisas materiais, técnicos, instrumentais, funcionais, a estrutura do poema absoluto os abole (convincente e convictamente).
Unidade de forma não é – em PA – unidade de tema.
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