Entre o impensado (o que não pode ou pôde ser pensado) e o impensável (ainda) corre uma dialética precisa.
A do vazio e do pleno, da imobilidade diferença.
Entre o sujeito (eu, caniço, pensante, existo logo sou porque penso, pensando sou – só pensante, ou... etc) e o outro (impensável pensando) que não é nem sujeito nem objeto (do sujeito ou sujeito do objeto) mas é um (ou outro) outro, algo oculto, não morto, que é impulso, pulsão, navalha, bisturi, punhal, elã, vital instinto, violência, energia superconcentrica, desejo imortal, em suma: id. Eros e Thanatos amando-se. O id onipotente, onipresente ubíquo, total (deus). Entre esses dois extremos o anel da poesia.
A poesia-forma fecha, ata e desata, cria e descria, forja e transforma esse anel conúbio.
Portanto, a poesia marcha para o indeterminado, chama a si o incêndio do fragmentário, indoma o caos e conforma o acaso. À poesia cabe o último código do sal. Do sal da palavra.
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