A poesia de Holderlin é um devir perpétuo (dixit mestre Jean Baudrillard).
Que, continua: “Ela (a poesia de Holderlin) é sucessivamente – como soi de ser o bom devir dos rios de que falam os deuses e que nos banham - alta altíssima e não advém de um eu identitário que brinca de transmutação. É teatro de metamorfose dos rios, deuses, paisagens”.
Acrescento: deuses que ele habita, deuses que o habitam. E em que cria. Credo de água fluindo como máscara.
Ao que adita François L’Yvonet: “Nesse aspecto, Holderlin encontra-se mais perto de Heráclito – parta rhei (tudo flui), do que de Hegel, seu velho cúmplice do Stif de Tubingem . Ao que readito: o futuro é putrefação, só Deus não apodrece. Tudo o mais que permanece apodrecerá (lei diva e dialética, desde Hegel, apud o gênio de Éfeso, do fogo da vida.
A poesia faz da linguagem lugar de trânsito das formas. O que difere abismalmente da comunicação habitual (não banal), em que é essencial definir palavras e conceitos exatamente. Às vezes, a prosa os mascara (às vezes).
As palavras-em-poema não são termos ou piões do dicionário, mas elementos que formam o poema. Vazio habitado.
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