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Qua, Abr

destaques
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à inefável musculatura da alma

A cisão desvela vísceras.

À ruína de bispos ao cubo.

O acaso recolhe coisas, papéis, avulsos nomes


dados desconstruídos, homenagens podres.

À mônada, ao vácuo
a id icônico e vário
a ditos sinuosos
e serpentes do paraíso.

Conhecer-te a ti mesmo como nada
(eu não sou nada). 

A cepas e castas novas da poesia absoluta.

Alegres labirintos de acrílico coleciono.

Verdade despreza esplendor.

À ruína dos cubos e podridão dos cones
ao crepúsculo dos bispos.

Há um jarro cheio de ocasos
na esquina esquerda do teu rosto
(com um resto de sol dando ênfase ao rubor
e um brilho meio inclinado
em ângulo amarelo (que se precisa quando
cor cinza invada o olhar).

Cinza de séculos, resto de chagas
cravos esquecidos ao pé da cruz
pátinas imensas e lenta ferrugem de horas
e fragmentos de tempo filtrados de ontem
que milênios depositam nas almas lassas
além de máculas que espíritos teceram
infinitamente na carne
com a linha do pecado (e o dedal do lodo)..

Cada um possui seu abismo pessoal
(e vulnerável). Nunca o compartilhe.

À alma do lírio.

À suposta poesia (absoluta ou o que seja ou diga).

Lágrimas literais caíram (céus desabaram)
como gredas, nuvens pesadas ou ira de granizo
da calçada onde quimeras conversavam
sobre a ruinosa beleza do último apocalipse
(e o pó veloz que devorou a narina da esfinge
arruinando parte do mistério)
e sobre as formas deletérias do futuro

 

Murilo Gun

 
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