Hoje estou só sem vírgulas ou palavra súdita
Estou acamado nas nuvens mucamas do poeta
Nefelibatando infelizmente prenhe de imagens úmidas
À superfície da lua me ato ao rosto do amor –
À beira mar de Vênus curvo-me
Ao som de grandes cubos degradados
No interior de grades tresmalhado
Os arames da selva corroem-me o início de mim
Panteras rondam-me o abdome raro
O peito franco e caminhos levam a albatrozes franceses
A jângal de alumínio e pólvora, a feéricas feras leva-me
A poesia inútil necessidade de ser-me
Além, muito além, dos meios, dos caminhos, das sedes
Vogo vago ignavo signo avitimado e surdo à palavra
Nada surge no meu auge fúlgido alforje nada
Me lembra a não-náusea de teu corpo arte
Que Sartre em Simone bela bebeu,
À beira do lago augusto arrostam-me
A libidinosas e abúlicas correntezas
(o imaginário é oriente fértil como as metafísicas do acaso)
Uno-me ao fôlego lisboense das sereias
Meu ar ávido divido com épuras e coivaras da vida
Ou inertes corações de cedro dinamarquês ergo
Às canadenses miragens do meu velho empório de sonho
Que alto professor de poesia alicerçou de palavra
Mestre que sondou meus demônios
Decifrou escuros urdiu simulacros
Coabitou suicídios.