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Sex, Abr

destaques
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Sobre terra viçam

laranjas e cavalos

e lábios das mulheres pulsam

como falos úmidos

em estrépito de êxtase físico

demolem pâmpanos palavras

barcos transportam nenúfares

e sutis incensos hebdomadários.

Da página valorosa restam

trapos de flores, quilhas estranguladas retangulares

e esperanças destroçadas, além de

açucenas enfermas e idílios velhos.

Os dias estavam vestidos de outrora

as mãos continham séculos de cloro.

No meio do bosque da vida

encontrei o tigre de Borges

e a pantera dantesca

à porta famigerada do inferno

e iludi espelhos com os cacos de mim

e iluminei vícios e embriaguei labirintos.

Sei que acariciavas luas e demoravas

mirando a manhã desmaiando

cumprindo os deveres do amanhecer

debulhando a alvorada definitiva.

No arroio latia o orvalho

o rócio agradava o rosto, tudo

era como a paz após o naufrágio.

Foi então naquela manhã assolada

por vastas obrigações luminosas que

iniciei as meditações sobre a morte

(o próximo poema).

 

Adendo que a paz pós-gozo é de lata.

Murilo Gun

 
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