Sobre terra viçam
laranjas e cavalos
e lábios das mulheres pulsam
como falos úmidos
em estrépito de êxtase físico
demolem pâmpanos palavras
barcos transportam nenúfares
e sutis incensos hebdomadários.
Da página valorosa restam
trapos de flores, quilhas estranguladas retangulares
e esperanças destroçadas, além de
açucenas enfermas e idílios velhos.
Os dias estavam vestidos de outrora
as mãos continham séculos de cloro.
No meio do bosque da vida
encontrei o tigre de Borges
e a pantera dantesca
à porta famigerada do inferno
e iludi espelhos com os cacos de mim
e iluminei vícios e embriaguei labirintos.
Sei que acariciavas luas e demoravas
mirando a manhã desmaiando
cumprindo os deveres do amanhecer
debulhando a alvorada definitiva.
No arroio latia o orvalho
o rócio agradava o rosto, tudo
era como a paz após o naufrágio.
Foi então naquela manhã assolada
por vastas obrigações luminosas que
iniciei as meditações sobre a morte
(o próximo poema).
Adendo que a paz pós-gozo é de lata.