A poesia é instrumento, tem um papel, desiderato.
O de esclarecer o si. É veículo.
Veículo rigoroso e bastante da iluminação
do pensamento humano.
O que fez a Grécia grande desde o início foi a poesia.
De Hesíodo, Homero, Anacreonte, Arquíloco,
Ésquilo, Platão, Demócrito, Heráclito, Górgias,
Tucídides, Péricles, Pitágoras, Simônides de Samos.
O que torna atrasado o Brasil é a poesia (do passado, vigendo, sem evolução, sincrônica à decadência).
A poesia absoluta corrige esse desastre ou desnível. E leva à meta exata da expressão poética nova.
Hoje, ainda, em certos meios culturais se dão as costas à poesia absoluta (não por esnobismo, mas ignorância mesmo ou, pior, viva acomodação ao fácil vigendo). É fria, intelectual, abstrata, ilegível e ininteligível. Choca a pobre pequena burguesia leitora (acanhada e anacrônica). Essas extravagâncias vitais, essas atrevidíssimas imagens, sem pé nem cabeça (e sem meio). Essa brutal falta de sentimento. É tal que o tempo das princesas cloróticas faz falta. Em suma, poesia. E impura. Plena de irracionalidade. E passional. Não sentimental.
Também se diz poesia pura (a absoluta). Porque filtra o fácil, o banal, o comum, o vulgar, o meramente sentimental. Lacrimoso discursivo. Descritivo.
É que se trata, não de procedimentos técnicos (de teor versificatório), mas de técnica expressiva avançada. Ou seja, compatível com o tempo, próprio da época. A isso, se acresça o laborioso ofício de expressar, com o poema, a concepção do mundo do poeta.