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Qua, Abr

destaques
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a Cioran, o gênio romeno gaulês

Sonho com concílios de tílias

em calientes assembleias de chávenas

 nas núpcias das madrepérolas da alma.

 

Amo jade noturno e lua inclinada.

 

Flagro na tarde de seda sigilo de aroma.

 

Luz em destroços, lume deserto, mas vivo.

 

Sempre passeio antes da lua dormitar.

 

Toda mulher é Maria.

 

Crepúsculo metálico alumbra céu plúmbeo.

 

Abismo atordoa.

 

Desencanto é palavra viva

mas escura.

 

É o brilho do sêmen, sua disparada

ao pódio do óvulo que o exalta.

 

Ferragem do sonho, construção da ilusão nos andaimes da alma.

 

Quis inventar os olhos: não ruas de lágrimas

casas de luz.

 

Ósseo esquálido falo esqueleto do anelo.

 

Na anágua do teu delíquio

no contato extático da carne

me realizo.

 

Ao céu indecente das ancas

subo quando pedes.

 

O arroio de teu fogo afoga

dúvidas e dores.

 

Na angra de teu corpo mergulho

todo duro.

Na seda de teu ser durmo

ao calor macio das coxas derreto.

 

Apalpo caminhos de mim

quando alento de ser me concedes.

 

Dedos se deliciam

com a diva rugosidade do mamilo.

 

Clarão desanuvia o coração. Era

a lua solitária no céu vagaroso

dizendo-me não esquenta

dou-te meu perdão de prata.

 

Ávido madrigal de desejo árido traço.

 

No instante sigiloso da noite lunar

à luz incerta da fonte mortiça

bebi o futuro nos teus seios

em haustos extáticos.

 

Sigilosa sibila exorta

o há de vir

esculpe os ângulos do lodo

os cones do sangue escande.

 

A incúria abre caminhos.

 

O ácido da vida é puro.

 

O gozo da carne lauto e túmido.

Murilo Gun

 
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