às dádivas do esquecimento
a víscera dos atanores
ao fígado dos arúspices
Tigres se asilam no poente
azuis empalidecem ante
fremir de mandíbulas.
Especulo o id dos abismos
em mim dádivas mortas inoculo.
Na tarde ébrios outubros cambaleiam
dolorosamente novembros se insinuam
vestidos de épuras impuras enquanto
cambaleiam manhãs e rouxinóis.
O que alicerça a noite é a sombra
mas o homem e sua obra diurna e insana.
Meandros bebem dos alambiques das nuvens
além dos limbos curvos e das navalhas líquidas.
Na clavícula do orvalho
madrugada deposita gota de treva líquida
grão de manhã em mim circula
veias venenosas e fecundas.
Treva às vezes é dádiva
dor a única certeza do mundo.
Manhãs estagnadas restaram
de teus olhos de vazios azuis.
Entre dobras da madrugada
auroras preparam
espéculos de luz infeccionada
partículas de ondas cegas exaustas.