Sopro de Zéfiro rumor de sal aplaca acende
lumes dos cabelos expulsando serpentes.
Zênite do sal inibe ciladas da sombra.
Proteu disforme pela ágil fadiga recolhe
da forma em devir o elemento ávido busca
ocos de pedra onde dormir
assumindo a forma do sono
herdada de Morfeu insone.
Titubeantes manadas de assustadas focas fogem
das espumas (semeadas por golfos saturninos)
e mandíbulas do mar antigo
abrigo do cetáceo perigo
exalando desaflito gesto de conforto longe dos fundos
das suas rápidas feras sob proteção da relva.
Coisas ocultas de Delos mistérios que Elêusis proclama
quimeras com que se presenteiam ocidentais
tudo se revela ao filósofo que liga
(chumbe, cubra, aflore, amalgame)
sua alma à palavra como o poeta.
Eloquência questão de cozinha (copa e espeto)
culinária alta filosofia previu Platão
bebendo da ceia de Sócrates sábios cálices.
Ao sedento serão o reino da palavra
e o desamparo da terra árida concedidos.
E tudo termina antes do ômega do grito
a dor e o riso numa quarta-feira de cinzas.
Do cone da sombra aurora dedirrósea avulta
emerge luz primeva a lançar-se como demônio
sonoro e claro sobre os olhos dos homens.
Ninfa má os toma sobre eles despeja
(esverdeando o sono) podre gordura de foca
Ritual perverso e mortífero
Incutindo a suas peles (sem alma) mortal odor.
Intervém boa ninfa chega polvilha
líquido espesso cordial prateado
ágil mercúrio sobre noturno aroma
corpos envenenados quase cadáveres lacônicos
rastejam e se erguem bandeiras de vento.
A ambrosia, o unguento dos deuses derramados
deslizam-se, enramam-se sobre dorsos
e ventres como falo aquático
penetram bocas e narizes agonizantes
salvam céus ínferos e suores altos.
Doze aromas operam gregos milagres
(feitos homéricos) sobre a narina dos homens.
De seus olhares metálicos linces perfeitos saltam.
O dor nauseabundo nos abandonou
Menelau urra
o leme capitâneo em sua mão rija
a ouvir o perfume revestir mucosas noturnas.
Das bacias do inconsciente
dilúvio das irrazões comungadas
sob riste imaginário embriaga-se
arca de medo enche com vozes de Ifigênia
aplacando ventos trácios, o cajado
de Agamenon reboando no Olimpo.