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Na poesia (épura do abandono, cruz da palavra alarde)

ou num cubo ortodoxo qualquer

ásperos prismas te esperam

leitora hipócrita serva da fantasia digital.

O poema induz, não desdiz jamais

de coração e outros apetrechos se mune

cardíacas válvulas de palavras esmera

para singrar o destino (pela quilha do sonho quebrado

se esgueira barco bêbado vígil como um sino)

a cada golpe de azar do tombadilho

de estrelas de brilhos náufragos ou dúbios

por fios porfiosos leva

substância secreta (traz o selo vital a seringa)

à ínsita deidade do verbo.

lava rumor da umidade primal

o limpa e endereça a lobos

de algum deus equívoco

para qu ouça o murmúrio do universo

ou premie o poeta

com o orgasmo do sintagma

e o viço da sintaxe descomprometida

louva o horto da forma

seiva que o espírito elabora

com a cópula que a carne permita

o gozo exato da palavra

e deixe que leitor complete

poema indelével.

(À leitora inócua e total).

 

Murilo Gun

 
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