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Qui, Abr

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Quanto a leitor de poesia absoluta, parafraseando o divino peripatético, o demônio estagirista, ele não é leitor qualquer, mas quem é cultivado nessa matéria. Isto é, leitor apropriado, não com o conhecimento de emoção, mas sim com a emoção do conhecimento advindo da ação (recepção) da leitura complexa.

É que poeta absoluto se dirige às estrelas (numa ação sensata) e seu leitor penetra o cosmo do verbo total. É como que PA fosse leitura para “sophoi” (pessoas sábias ou devidamente esclarecidas).

A poesia deve ser um em si desconectada de qualquer emoção superficial, a nível da pele. Algo em si, portanto, fora do âmbito do eu (banal e facilmente corruptível).

As reitoras suscetíveis de balizar as virtudes da poesia absoluta são o poder metafórico do verbo e o futuro da palavra.

Insubmissa é a vida da palavra da poesia que exacra leitor fraco, zumbi do facebook. Pois poesia absoluta tem a ver com a vida humana e tem haver de porvir do próprio homem.

A palavra não resiste submetida a escanções automáticas, submissas a ordens gramaticais infames e milenares. A palavra existe na PA (que dirige a decisão). O leitor absoluto deve ser o singular portador do facho intelectual (hoje tão apagado). Ele deve ser o si reflexo do mundo total (humano e atual) e carregar em si a responsabilidade poética de interrogar e resolver o mundo ( o todo, inclusive ele) com um lápis e a mão (porque o homem é um sinal – e a vida semata).

Antes de tudo, o leitor deve sobrepujar a coação da poesia dominante há mais de cem anos (e que não veio para ficar).

A perspicácia (e insistência) da incerteza do sentido é fruto da perspectiva do leitor, em sua pertinácia de ser, além de qualquer letra ou espírito pobre. Eis onde reside a peripécia do leitor que se quer absoluto. Que une a consciência em si com a consciência de si, na empresa (ou aventura) da poesia absoluta. Do épico ao trágico e ao ético, se desdobra tal ato lírico por excelência de empreender o poema absoluto.

Murilo Gun

 
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