Quando regressei do meu sétimo poema
(o violino ébrio do verbo agudo ainda)
quando atravessei o labirinto de palavras
(encravado no palácio da página)
ouvindo cânticos apocalípticos
em busca do caracol nu de teu olhar
de atentas estrelas impregnado
(que lágrima lava
e lava de sal recobre)
estanquei ante ressoante
jorro de abelhas
ante porta estreita de rima
e seus gonzos celestes estanquei
ante rapidez dos promontórios de abril
Jarro de luz oxidada soou como lamento
azul (voz mineral de pedra ressoou)
pétreo eco arrancou-me o tímpano
palavra voo pousou no meu rosto
delírio aconchegou-se na página
com o nome amontoando-se
o trâmite do poema abriu-se em copas
(a espada de Dâmocles titubeou)
cravou-se-me no peito pássaro de pedra
teu olhar de sol e arco de umbral
me fuzilou de pétalas e fugas
lamento enlouquecido de um violão
me veio com a palavra fogo
ao sal de sílabas e abelhas.