PAULO DÁCIO DE MELO, amigo e poeta, cujo estilo de vida (modo de vestir, de ser, de ver e sentir a vida, a vida em suas dimensões sutis e amplas, em seu enfoque ético avançado que envolve toda a natureza e não só o ego rasteiro da pessoa em transito fugaz no mundo.
Saliento a ética ecológica de Paulo Melo. Que tem uma sementeira Pré-Histórica na rodovia em São João, onde trata as plantas como iguais a nós, na perspectiva cósmica, em que a ecologia abrange também os tais humanos (muitos, nem tanto).
Paulo pratica a hard ecology, real profunda e não a superficial, pro-forma, que funciona como justificação da ideologia da vaidade e do falso orgulho pequeno burguês. Que é o idiota movimento ecológico que o Brasil pratica.
O primeiro livro editado por Paulo me surpreendeu. Este segundo... o maravilhamento, desencadeado pelo seu verbo santo decorre da postura ética dos poemas e cânticos elevados à ordem primária da natureza incutida na visão ecológica do homem, em sua inteireza e consequência vital.
A presença de Deus, a ubiquidade poética, a participação do espírito, o envolvimento do todo... e não a glorificação do Ego, como meta da vida alienada. Em que ocorra a plena coisificação do ser, no âmbito da visão pequeno burguesa do mundo, concepção em que todo o humano é estranho, posto que o enfoque é da ordem da pele, não da alma.
Ao longo dos 10 anos, em que permaneci em atuação na UBE – União Brasileira de Escritores, construí cerca de 130 prefácios (orelhas, mensagens, pós-fácios etc). No entanto, este, do segundo livro de Paulo Dácio, me atraiu em especial, e conduziu à revisão de minhas ideias – não tanto ideais – da ecologia, me levando a uma abertura do pensamento ecológico, para a perspectiva da ECOLOGIA HUMANA, sem a qual não se faz possível evitar o desastre que a natureza prepara para nós, não para ela.
Quando se diz que, cientificamente considerando, o mundo (a Terra) não duraria mais de 4 bilhões de anos, esquece-se que, nessa humana equação temporal, a humanidade não está posta, o homem está excluído, pois não duraremos mais de 4 milhões de anos. Somente, mesquinho 0,1% duraremos em relação ao mundo.
É que nosso ego ególatra e soberbo, aloprado mesmo, pensa que o mundo somos nós, quando somos um minúscula peça devassável e descartável por excelência: detidamente mortais, não por suposto, mas realmente. E pecinha especial, tipo praga, que vai acabar com a parte do mundo que é nossa. E nos abriga.
Essa apreciação visionária do mundo humano independente do mundo real – mas confundindo-se entre si, de modo que o mundo só se acaba se o homem acabar-se (mundo como servo), é a de Murilo Gun também.
No imundo mundo humano, onde guerras se aprimoram e se sucedem, não episódicas, como as mundiais do século XX, mas permanentes, como as que diariamente espoucam no Brasil de agora, aqui, guerras reais sem causa, finalidade, declaração, verdadeiras guerras civis ocultas... e diárias, como as de Sartre.
O homem não só agride a natureza e a explora como escrava, movido pelo lucro imediato a qualquer custo social e natural, mas o homem é mais eficiente: nós degradamos as condições de nossa própria existência, sistematicamente.
E a excelência real reside nessa nova e ímpar obra de Paulo de Melo, pois objeta servir de apoio e estimulo à educação ecológica consequente e eficaz, a partir das palestras e intervenções de Paulo Dácio nas escolas, no âmbito de seu projeto de vida ecológico, que busca garantir a sobrevivência decente da humanidade.
Garanhuns, 05/11/2017
{jcomments on}