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Qui, Abr

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Poesia, límpida fonte de desespero

modo de disfarçar a alegria, cobrí-la

de gestos cegos, sumos cavos, uivos servos

ou da pele frágil da eternidade

da cal de que é feita revesti-la?

 

Poesia torna oficial (fazê-la)

face da lenda se instala

da alma do poeta livre

dos sentimentos, absolvidos sentidos

de suas culpas (e pecados) pela poesia.

 

Poema sentimental (demais) é vulgar.

(Não a canção de Altemar Dutra).

 

Poesia causa desprazer a poeta

Obriga-o ser infeliz. Celan o foi

porque sua poesia era obscura, de sentido ignoto

(real absoluta).

Faço poemas porque vou morrer. Se fôssemos

eternos ou imortais não haveria razão da poesia.

O que seria grande e duplo alívio. Não

morrer e não ser poeta. Poesia rima com morte.

Murilo Gun

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