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Qua, Abr

destaques
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Com a matéria da insônia teço

relâmpagos de leite na lenta horta

do impreciso cais onde olhos naufragam

aplico ataduras, escuras pomadas

remédios para que o tempo não passe

ímpetos para o impasse

para que o tempo cesse

ante os umbrais longos da noite

sem pudor ou hecatombe

para que os vitrais do sono

se quebrem com perícia ruidosa

e os côncavos silêncios das ruas crestem

pois são assaltos ao meu sono

que sucumbam os silêncios da água

pois são fugas para

minha sede de sono

naufrágio do abandono.

Que os expostos cimentos do tempo

não fechem minha pálpebra

nem adiem meu tormento

não sepultem meus olhos

nem infectem os meus sonhos.

Murilo Gun

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