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Qui, Abr

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ENCONTRADO APÓS SUA MORTE. (LIXO DE E-MAIL)

Ao fluir do texto de Giv-G comecei a delirar de desejo. E eis o modo que reduzi o meu pensamento sensível.

O desejo reiventa o corpo, aperfeiçoa o ser, o desejo de ser é vital ao ir conhecer e ao fazer. Fazer, por exemplo, do leito (branco mas não puro) da página poema brotar, como vulcão da larva. O desejo é verbo e substância humanos.

A realidade se deseja. Como a vida se inventa à luz da centelha, o poema do fragmento verbal incendiado pelo desejo da expressão. O olhar domina o desejo. E sua missão não é polir cinzas, porém esculpir o que virá. A ser desejo. Como monumento púbico.

Eis que, possuído do espírito vital de Cernuda, informo ao mundo (do leitor) a profundidade de meu desejo, do qual extraio a realidade da vida. E a possível (ou impossível, porém passível e ativo) leitor convido a ir, no âmbito do mar da nave destas palavras, ao mais além possível, ao instante de ser, firmar pacto entre a realidade e o desejo.

O desejo é uma posição humana (quase física, físsil ímpeto de ser) e vem à tona humana como um disparo erótico da imaginação. É também desmoronado sal e espírito da terra. Algo a desvanecer como fumo e a possuir-nos como incêndio (e das cinzas da alma buscar a insurreição de outros desejos).

O desejo (aceite prezada leitora) atravessa os corpos, desinuma a carne, acende o caminho da libido, restaura a concupiscência, torna ébria a alma, devassa o espírito. O desejo é maior (e mais real) que a realidade. O desejo é algo além do corpo e da alma.

Murilo Gun

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