Pelos castelos senhoras do limbo da Urbe vaguei
pelo segundo círculo da alma fugí
sanguíneo relâmpago clareiras do sangue lambeu
(as lesmas pétreas do fogo devotadas)
reluziram as trevas do espírito
pelos alfanjes da carne excitadas
o éter nu perambulou
pelas hiperbóreas narinas do Senhor
saio do fundo sono respiro o sôfrego
olho a mente estupefacta, o sentido enlouquecido
que através do verbo de mim se apossam
meadas intransitivas, fios de hiatos, hialinos lábios
de vasto vocábulo, néctar escuro escravocrata
golfo de âmago, geografias feridas me urdem
Campos de dores adentrei (?). Hospício de luz
manicômio do tempo, o que fiz? Sou vasilha
vaso de infinito acato com mácula e alínea
ou parágrafo que o poema redima. Sou odre
pleno da sede da passagem?
convulsa palavra arredonda a dor
eterna e alumínia que consome o poeta e leitor
estrépito do pranto que inunda ou inundia o canto
crótato de lamentações (à Laforgue ou Eliot)
lança-se do céu às cinzas do homem
escura e profana nabulosa varre
os sentidos já estabelecidos, a priori estampados
no espírito envergonhado (e sóbrio) da palavra
as normas do ser poema impestáveis
têm tênebras brancas, cortes de arturs pequenos
por isso basta à poesia que volte
à tona dessa náusea cotidiana e quebra
o estabelecimento falido da vérsica
que nos domina e doma a pena, restabeleça
o reino da palavra não ditada
pelos ditadoriais dicionários (de rimas lodo
e resmas de lesmas fônicas adquados a lado)
que pouse em ti leitora varonil
e pastora do verbo a vida filológico
não mais por um fio
(de Ariadnes ou aranhas esquecidas).
Ao entrar no infinito sentido feche
os olhos vivos que sem escrúpulos só veem
(o próprio escrúpulo), o dito preocupado
o índigo estampado no amarelo da alma
e vá ao além buscar o rosto do verme
beba em golfos sangues de fogo
e assim não escureçam menos os olhos
e mais o espírito (de claridade ferido).
Não tenha mais comiseração do pio
vença toda a inercia do ser
(essa força bursátil que nos amesquinha tanto)
Chague tudo que seja imóvel ou alheio humano
tudo o que não o aclarece do espesso
(pois escura é a superfície inútil da alma)
que é o ar vivo, ápeiron, nous, espírito
a vida ávida de insensação nova
o liame rude e falso de cada sentido abra
exponha a ridículo significados alvos
o halo da sílaba, o hiato vivo louve
veja seu imo caliginoso com olhos novos
o oco coração do homem avive novamente
sua lassa alma de palha ocalize
lenho vital e uivo dissimule numdissílabo.