Cala tudo no seio da morte.
O silêncio tem mais algo de torturado pássaro
que o grito
osso branco de velório e ar funéreo.
O mundo já não rosna para os mortos.
A veia da morte é próspera (e ávida)
é árida a veia da morte.
Como lotes de abelha ou colinas vazias
como lutas do meio-dia com a sombra vertical
como menos horizontes e mais memórias
déspotas são os dias frios da morte.
Como um sopro passado
uma rua do futuro
um tenor noturno
uma rede de naves e diásporas de mares
música de lástima e luzes
dos arrebóis cegos da caatinga
como libelos azuis e cônsules de cálcio
têm sidos os maus dias da morte.
Como bares apagados da memória dos tragos
ou cores assassinadas
como iberos poemas de água impotável
e rotos amanheceres têm sidos os dias mortos.