Chegar a mim é teu destino, palavra
chegar a mim mesmo, pasto faminto de Deus, tocar-me
como entra num porto nu nau errante
e se impregna do limo adormecido das pedras dos cais
acossar-me é teu destino, palavra, enlevar-me com teus véus
como se doze demônios íntimos me domasse a dor.
Venho de núpcias secretas
e de logros sepultados sob
vísceras de reis arcaicos.
Incertas veias do futuro busco
no pulso do dia, no vórtice das noites.
À beira do ignoto singro para nada
cavo estrelas mas me descubro em setembro
quando a tarde perambulava em meu rosto
e vinha beber-me o sonho o crepúsculo.
