(poemas inobjetivos de sentidos foragidos)
Da coletânea em formação A rigor
A poesia absoluta é uma religião
a poesia salva a alma
o Deus do soneto absoluto
é Paulo Bandeira da Cruz.
A noite exacra vagalumes e ilesas sapas
escura seiva se apavora da madrugada
que mendiga réstia de lua vã que ladra.
Selo da vigília de lata e pluma prega
e olhos cardíacos e sonhos desfeitos ou murchos.
Rastros de água rio deixa
em seu solo mais íntimo leito
do áquo instinto fluido corrente
de metálico curso ao mar fundo.
Águas e almas comungadas
aos domingos, branca leve aliança.
À sombra de espelhos e mandíbulas de mulher.
Pó de rosas da noite alemã cremada
que alegres madressilvas do abismo
adormecem ou reintegram.
Límpido olor a queimados
mãos de barro trincadas
crianças vocálicas
do éden solerte pronunciadas.
Encurrale o tempo
na vala do trânsito
imobilize o fluxo, coagule a hora
e se salve do orvalho
não da idade.
Cárcer para mártir vendo
com cilício e cascalho
com desconto e saudade.
Olho o outro de frente
defronta-me (eu e outro eu)
e eu sou o outro, ou o mesmo sonho.
Prólogo prolegomenal preparo.
Forneço caos em lata a preços belíssimos
Entrega a domicílio. Aproveite, pois caos no varejo
é quase impossível achar no mundo. Menos no Brasil.
E vivo a abalroar a rua
mecânica ou estéril
sem lua e namorados
viela de violência avenida e laia.
Não sobreviveu sequer um paraíso.
Dos édens e paradisíacos jardins do início
restam insustentáveis ruínas.
Velhas espadas abandonadas
de gume ferruginoso e árduo já meio roto
espelhos sem reflexões sutis, meio que cegos
ecos de cactos vítreos coagulados
cacos de ázimas imagens espalhados
lúcidos labirintos (tortuosos ou razoáveis) ao leu
ornados com estribilho de sombra taurina
dos corredores loucos estendido.
Tudo sob lateral lua e noite urgente.
Ou aguda.
Das ruínas dos passos pés inchados
da edipiana estrada
a vasta encruzilhada.