Vou bilhar no poço
(de minha inconsciência)
com jarro de ombro
água de sede fisgar
Vou bilhar no poço
(de minha inconsciência)
com jarro de ombro
água de sede fisgar
Eu estribilho, desesmoreço, corto as cartas
o ás respiro, engendro, urdumo, urdimbro
verticiar não convexo porque eu côncavo
e geometrizo sempre que poemo.
Dido é aurora feita de fumo e dor
é ardência de treva, injustiça de longe
impuro fruto do amor (sem pena).
à morte, potência maior da vida
e realização final do homem
A volúpia do ser é morrer (última rima vital).
Nu saí do ventre mãe
nu vim do úmido útero
para o trânsito (engarrafado
do perigoso mundo)
Máscara esgota rosto
gota a gota, pouco a pouco
e lamina alma de homem
A morte é o nosso outro. É um ser
(a morte) imortal (como Deus que a criou
do mesmo barro da vida, porém
mais bem cozido e misterioso).
Eis que é chegada a hora
de executar rosas
trucidar flores.
O amor perverso é maior.
O desejo é uma planta vital
brota, se enrosca, cresce como falo
Do poeta empoleirado na palavra
do varal farto do verbo vendo
o trânsito eterno do mundo (vasto e vago)
assistindo à peripécia do tempo