Quando tudo ainda estava-se criando
E o Senhor ocupado suava da lida inútil
Do infinito esforço vão
As divas mãos já muito gastas
Quando tudo ainda estava-se criando
E o Senhor ocupado suava da lida inútil
Do infinito esforço vão
As divas mãos já muito gastas
o burocrata abre
o envelope da manhã
e lavra
no livro próprio o termo
Amo o átimo de tempo que me habita
E o pórtico de espaço que me espanca
Pois de instante e sítio sou composto.
O infinito não me doma
Estradas da vida são escuras
Estreitas sendas do ar ermo da alma
Caminhos são de abrolhos sólidos
E hóstias compulsivas destoam
Entre coxas,
A constelação do púbis,
A savana, o alfenin, a sede
Entre sebes,
Ela ouvia aromas vermelhos
Gritando da boca do éter
Nos planos côncavos do céu
Tocando abril no trombone da pálpebra
(em forma de crônica)
Morri ontem ao raiar do dia
A manhã ainda pássaro fora
Claridade estraçalhando-me lentamente
Mundo, cárcere longo túmulo
Estrada onde peregrinos morrem
Urna de pedra que trancafia a voz
Cárcere do verbo, ampola poluta
À dor de (não) dar realidade aos desejos
A Jomar Muniz de Brito
Aos limites cristalinos e lascivos do ser
A íris selvagem, o rebelado fulgor
A volúpia do olhar incendiando o outro
Maduros cios habitando o seio
O torso do candelabro imerso