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Qua, Abr

É urgente o processo de ampliar a suficiência da linguagem verbal, do universo da ação poética, no sentido de abranger um campo maior – mais extenso intensivamente – da concepção poética da vida contemporânea,

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A poesia absoluta não se encontra na agudeza  da expressão, mas na expressão da agudeza. É o que fielmente verifico, flagro a cada verso, em Rogério Generoso e Admmauro Gommes. A ela não contenta (ou com – forma) a engenhosidade do verso com a verdade interior da palavra, como qualquer juízo. Vai além, muito além. O engenho inventivo – e novo supera a invenção engenhosa antiga.

            A poesia exercita mais o engenho que o juízo, daí que se debilitam os que queiram “dar”, dotar de pleno juízo (lógico ou não) as palavras do poema, como se estivéssemos a redigir algum libelo em verso.

            Essa incapacidade de fazer e ler (poesia nova, diversa) decorre do império exacerbado e contínuo, do mandato desmesurado, da tirania da poesia velha (boa no seu tempo , cem anos atrás).

            Assim, acuso o predomínio excessivo no tempo e tirânico, na imposição de seus princípios e regras decadentes, do classicismo poético sentado por Bilac e cia, o que ocasiona danos relevantes à poesia brasileira. Os antolhos do sonetos são imperdoáveis ou vis (viscerais, no sentido negativo), cegando-nos a todos que pratica ou iniciem a senda poética. Impedindo a livre inocência e o desamo não gramatical da imaginação e livre criação sem freios ou limites métricos, óbices hoje desprovidos de sentido e atualidade.

            Rebuscamento, artificialidade, afetação, imitação servil (e inconsciente ), mal uso da retórica antiga, falta de escrúpulo e engenhosidade, de sistência de inventibilidade há (e em excesso) na poesia clássica imperante: “operosa” e majoritária etc.

            A poesia absoluta aspira à formosura da agudeza, não ao diletantismo desenfreado e mecânico ou à secura da medida rimada (que causa aridez ao imaginário).

            À insuficiência (plena decadência) da retórica poética dominante, opomos o caminho livre, a aventura (não a rotina), a supermodernidade da poesia absoluta. E esta, digamos, nova disciplina requer desenvolvimento e sistematização, o que um magote de professores da FAMASUL – Palmares está a fazer.

            Na velha e “operosa” poesia (vigando ainda), o que vale para um epigrama. Vale para um sermão.

            Um óbice monstruoso são os críticos judiciosos. É pau. Para qualquer obra séria. Derruba tudo. A água com o bebê jogam fora, sem contemplação.

            E assim ditos e feitos poéticos gastos ganham status de eternidade.

            Eloquência encadeada (que é o estilo de muitos “poetas”) para mim equivale a poesia mortificada.

  

ADENDO

            O apego ao soneto desde a modernidade poética é atitude francamente anacrônica, algo superado.

            Já no final do período de dominância artística, em que era emblemático Rafael, a história da arte descobre o germe maneirístico, que representa a degenerescência do classicismo. Como o modernismo o é do parnasianismo.

            A diversidade da poesia moderna (sem artifícios, artesão, artefatos, artífices retóricos e cia, em especial, na forma de poema livre, sob égide da imaginação, sufoca a norma classicista. Como sufocada deve ser a tralha versificatória histérica.

            Todas as tendências literárias opostas ao classicismo reúnem-se no maneirismo a verso livre versos verso preso são dialéticas.

A poesia hoje é ornato sem ordem, sentido sem sentido.

 

E do garimpo metal  que silêncio alimenta

e a meditativo acrisola , ouço os versos.

 

Rio avarento de água escassa

e sua sede pelo árido ama a areia.

 

Ardo da posse peculiar

sedento-me quanto mais copos

de cifrões bebo (até a embriaguez do espírito).

 

Amor ao dinheiro nasce do dinheiro crescente.

 

Fazer-se Zeus cisne, touro, sétiro e ouro

para amar Leda, Europa, Antíope e Danâe.

 

Ao touro o jogo, à página o poema.

 

Ela e sua carne petulante

Todo me subjugam. 

           

A crônica é um gênero do jornalismo contemporâneo, cuja origem localiza-se na história e na literatura, ou mesmo, na comunhão das duas disciplinas radicais do conhecimento humano.

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Na poesia absoluta, repete-se apenas a ideia mallarmeana de que o verso constitui in totum uma palavra e que o mundo termina num livro (contém-no e o incontém),

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Murilo Gun

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