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A noite é meu evangelho, a pureza de que sou fruto vem dela, da intemporal noite vital, da mineral noite arcaica, rupestre e de suas carnes circulares,

das mandíbulas da noite bebo hinos e etanóis, imirjo ao ventre metafísico da noite, sou parte da revelação de suas verdades escuras, fração do seu misterioso ministério, ela me adorna de graciosa juventude impune, através de seus oráculos pétreos, amável é a noite impúbere e mulher que aguarda meus desvelos e que me reterá e a todos em suas profundas entranhas inabornáveis, insubornáveis e infinitas. A mãe noite me devora e integra o conhecimento, abocanha o fluxo das reflexões e me amontoa a seus sais azeviches. E ao abandonar-me a ela sugo seus augúrios (das vísceras noturnas) e toco o rol das profecias, que ela guarda no dorso de seu vulto. É do útero da noite que nasce, que brotam os adeuses e a verdade mais humana, amanhece a fantasia, arde o poema, a alma usufrui do infinito seio noturno, de suas poções mais altas e lúcidas venho.

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Murilo Gun

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