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Sex, Abr

destaques
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O conhecimento do que virá
será o teu martírio, leitora curial curiosa

a hora não mais chegará a ti
pois não (ou já) desvelaste o maquinismo


da vida que é tempo (de pedra)
sepultado numa ampulheta corrupta

se ao tempo o cronológico 
sobrepõe-se o simultâneo

perdeste teu sentido horário 
leitora vazia (ou acrônica)

e não passas do mero trânsito.
E alumias escombro
com teu verbo sem fiat
(de luz merencória).

Se tempo é convenção
morte é produto da mente.

Se Kant estuprou camareira (em Konisgberg)
por que Lampe não o denunciou
(brandido o candelabro)?

Passado vive em cada rosto 
existe como minucioso trator da cútis
e futuro nunca será promissor
mas estado de perda, dano, medo.

A natureza humana é nossa derrota
(alienada como um anjo ou uma porta).

Vício estrada mais larga
todo salubre mera via estreita
(veia onde pó acampe
vida que desorienta)

dor companheira devota
temor ubíqua presença.

Vida merece ser vívida (não vivida)
morte único endereço certo.

(Entre duas fatais datas
na lápide sulcado nome

leitora impotente
prefiras a última
que definitiva).

Murilo Gun

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