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Qua, Abr

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            Deve-se, ainda, ouvir Fernando Pessoa a respeito de estética na Poesia: “Os homens não apreciam só esteticamente, apreciam segundo toda sua constituição moral.

Por isso, cousas grosseiras, impuras, lhes desagradam, não na parte estética, mas na parte moral que não podem mandar embora de si.”  O crítico literário Michael Hamburguer nos diz: “Todo poeta moderno digno de ser lido contém um antipoeta, assim como todo antipoeta moderno digno de ser lido contém um poeta romântico-simbolista. Quanto mais amplo e carregado for o campo de tensão entre eles, maiores serão as potencialidades de realização e progresso de um poeta.” Nos parece que superar a dicotomia romântico-simbolista, no campo dos “eus” poético e social, intervindo com sensibilidade, e uma liberdade livre na hora da realização do poema, será uma das condições imprescindíveis para uma poesia moderna estar presente na obra de um poeta.                                                                                                         

            Ouçamos o Poeta Vital Corrêa de Araújo: “Um poeta, verdadeiramente, nunca está em seu juízo perfeito, desfrutando plenamente da chamada razão prática, estabilidade emocional ou frieza de caráter, aridez lírica, estupidez cônica, mas possuído de visões estranhas e evasões para longe do mundo da usura ou dos negócios verbais escusos.”; “A palavra poética é plurívoca e ambivalente, obedece a uma lógica que ultrapassa os limites ridículos da lógica comum do discurso, e essa lógica rebelde só se realiza fora da cultura oficial vigente, no momento da eclosão do poema”; “A poesia não está na mensagem, mas na forma da mensagem.” E sobre Vital Corrêa nos fala Cláudio Veras: “Tantas gerações goraram e outras bem que marcaram o ambiente, episódicas ou completas, mas poesia, com esse timbre, essa dicção selvagem, esse revolver de sintagmas era ainda inédita. E não se trata de vanguarda, pois nada, a não ser o vazio, acompanha sua trajetória, e nada, a não ser o abismo, devorador e urgente, vem antes (veio de futuro vital veio) e nada está por vir ainda, a não ser os que sigam a rica senda vital aberta...” Sébastien Joachim proclama: “O projeto de escritura de Vital Corrêa de Araújo intentaria então desbanalizar certa poesia que está em moda e que não passa de uma des-textualização com pretensão de textualidade. Na escuridão de sua viagem iniciática, almejaria a singularidade de re-encontrar uma pedra filosofal perdida. Mas é quase impossível encarar na tradição hermenêutica a formação discursiva de pertencimento desse conjunto de textos. Ele arrola poetas e filósofos de várias épocas, e em filigrana se percebe um leque de conhecimentos científicos e tecnológicos díspares, de ontem e de hoje. (Em suma, o objetivo de VCA é derrubar o significado). Desafiadoramente, desfilam na poesia de VCA, em sua Nova Aliança diria Ila Priogogine: Heráclito, Platão, Hegel, Kant, Shoppenhauer, Nietzsche, Heidegger, Deleuze, Baudelaire, Alfred de Vigny, Leconte de Lisle, Mallarmé, R.M. Rilke.” E ainda o crítico literário César Leal: “Vital Corrêa de Araújo confirma a regularidade do ritmo que tem feito dele o poeta pernambucano com maior domínio sobre o verso livre. Em Vital Corrêa de Araújo é preciso estar atento a outros temas fundamentais da teoria do poema. Não se deve fixar a análise apenas nas teorias de um determinado autor. Seu universo poético é polivalente e ele exige observações que cheguem além dos limites dos ciclos vitais e da própria técnica do verso. Nele é preciso estar atento ao poder criador de imagens. Isso é fundamental, porque sem imagens não pode existir verdadeira poesia.”

Murilo Gun

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