Vá ao silêncio das raízes
ouça rumor da vida da veia da linfa pulsando
impelida por coivaras amestradas, saiba
que do intestino das sombras brota
luz de alumínio pura como abeto ou entulho.
Chegue ao ninho de água ou de mácula
beba do páramo abutre e centelha
de luzes morrendo
e da alvorada peixes amanhecendo
a campinas tingidas de abelhas, olhe
com a pupila da argúcia em riste
sinta perfumes dos meses
(e odor dos pêsames)
que vêm do voo secreto dos semestres
e das candeias obliquas acate
luzes bruxuleando como olhos de estrelas
ainda não cegas da presbiopia dos buracos negros.
Colina do Magano, 31-10-2017