Uma trégua de magnólia
por um ramalhete de beija-flor
lance de primavera
Uma trégua de magnólia
por um ramalhete de beija-flor
lance de primavera
Eis que rumor de torsos
ferros vencidos
urros anônimos
sombras senis
À Folha, página da alma do poeta
e poema da árvore
Ao balanço da brisa
sob balé de pássaro
Miosótis, não me esqueças
mesmo que a pátina apodreça
Miosótis, não me esqueças
mesmo que imperem aromas de ameixas
O abade olha o rio sem nome
e o rosário de águas debruçado
em orações de pedra, enlaçando
gestos de areia que apanham
Antes que a noite fecunda acabe
e as sombras debandem
antes que os aromas mirrem
e os desejos ceguem
Abaixo o tédio
do homogêneo
e o enfado
das simetrias.
Por mil corruptos sestércios
compram-se próceres
próspero comércio
Hegel já longevo
Segue a semente tênue
rumor de azul.
Paletas de opala inoculam
na terra a cor certeira
Luz dos astros goteja
no rosto acende
desejos de abelha