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Qua, Abr

(A nova natureza do homem)

 

Compomos uma sociedade tecnologizada, cuja característica aparente principal situa-se no âmbito da difusão e produção de imagens e informações.

De ídolos e simulacros somos férteis. Leibniz amaria viver essa hora de intempéries do homem.

 

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No poema que abriu seu primeiro livro – Alguma Poesia (1930), título já prenunciando a arguta ironia drummondiana – Carlos Drummond de Andrade afirmou: “Quando nasci, um anjo torto/desses que vivem na sombra, disse:/ vai, Carlos, ser gauche na vida”. Gauche, de origem francesa, equivale em português a “esquerdo ou acanhado”. Anunciava assim de modo doloroso, mas claro, o poeta que estava chegando, um ser avesso, inadaptado à realidade comum, como sóe de ser o poeta.

 

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Há uma certa (ou incerta) confusão entre poema e poesia.

Desde o romantismo e do aparecimento do poema em prosa, modalidade poética (legítima) que adquiriu consistência e qualidade, em especial, no simbolismo (Rimbaud, Baudelaire, Mallarmé, Valéry - entre nós Cruz e Souza), fez-se necessário diferenciar poema de poesia.

 

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Labirintos são tigres no espelho

Há exatos noventa anos, um tal de Jorge Borges H., em Buenos Aires, publicou uma tradução do conto O Príncipe Feliz, de Oscar Wilde. Todos os amigos cumprimentaram o professor de Psicologia e Inglês, Jorge Borges Haslan, pelo feito.

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Vital Corrêa de Araújo

Poesia inútil e necessária. Necessária, por sua inutilidade prática, imediata, num mundo – ou estádio da vida humana – em que o valor mercantil é fundante e o estético, quase nulo (ou subordinado, a reboque da política do sentimento, do humor dos poderosos, da banalidade do imoral, de tudo que esteja à flor da pele, não à flor da alma).

 

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VCA

Para a poesia absoluta é vital ao poeta livrar-se do âmbito e das grades (recinto fechado, fronteira intransponível, prisão, censura, óbice, vedação, domínio) da consciência objetiva. Inibir a consciência objetiva, o âmbito cerebral da mente racional ou científica, para permitir aflorar a subjetividade pura, livre de vendas e mordaças, que aprisionem o poema em medidas exatas, prévias, a cargo ou crivo de trenas e ábacos ou amarradinhos (ou arrumadinhos) de rima. Dê-se ao ID, a seus braços fundos e enérgicos, entregue-se ao poema absoluto.

Através do lápis (da caneta, não do teclado), o poeta fisga o inconsciente, farpeia, disseca e publica o íntimo; pesca com o anzol do verbo os elementos do texto (ou o fogoterramarear). Como um bisturi psíquico, a poesia vai e abre, bebe da bacia (equivalente a mil mares)  do id, e dela traz a tona da palavra irrevelada, o texto vivo, a matriz do real úmida da origem. É através dessas sensações associadas que o poeta compõe. É lá nesse imo do id que se desdobra, que se cerra, extravaga o prélio decisivo da poesia da razão com o irracional, o embate do sentido da imaginação com o da razão. A razão é prosaica. O instinto, lírico.

A poesia coisifica e humaniza. Liberta. É a potência da vontade da palavra em liberdade. Rilke, Sartre, Jakobson têm a poesia como coisa. E não mensagem. Mero papel de contrato ou recado, tipo bilhete romântico ou aplauso. A ela só interessa o lado sensível, palpável do signo linguístico: o significante. Com eles se faz (cria) poesia (criadora). A poesia não é meio nem mensagem. É fim. Em si mesma. No poema. Que é ser da linguagem.

 

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O poema absoluto é uma cadeia de significantes que inecessita de significados. Que indesigna (não referencia) e ressignifica, isto é, nada denota. É mais ícone que índice. Corrente descontínua e progressiva, cujos elos são signos. Não interessa ou vale (nada) saber o que o signo (na cadeia dos significantes) significa. Porém, saber a que outro signo na cadeia viva poética ele remete ou que outros signos, ou elos dessa corrente, a ele se acrescentam, formando o poema uma rede sem começo nem fim.

Uma cadeia inacabada de signos sem significados meramente dicionários ou comuns, ordinários, vividos no cotidiano prosaico, é o poema absoluto.

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Murilo Gun

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