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Poeta pedante cultiva
com esmero dourado
silos de imagens roubadas
dos arsenais do dicionário


E sempre colhe das manhãs retóricas
em jarros anacrônicos
rosas acadêmicas para adorno
de seus sonetos salomônicos

Poeta pedante com avidez devora
montanhas de epítetos e tomates
jamais dispensa a resma de cebolas
e a travessa de metáforas mal passadas

Poeta pedante tocaia tropos
armadilhas arma para rimas
e com visgo aguarda que chusma
de símiles pouse sobre a página

Poeta pedante ronda manicômios
em busca de vaticínios malucos
com que ornar seus versos ínvios
de visões ávidas e sonhos suínos

Poeta pedante nunca descura
dos mistérios de sua cútis literária
e a cabeça harmoniosa doa às plumas
metonímicas do seu travesseiro sonolento.

Murilo Gun

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