Ainda homenageando o centenário do pai de VCA – Cláudio Corrêa de Araújo – avó de Cláudio Neto e Murilo GUN, eis dois poemas de Manuel Florentino Corrêa de Araújo. Um ano após a morte de Sinhá (sua esposa, aos 15 anos, do parto do pai de VCA). Outro soneto, 3 anos após.
Meiga amiga por quem choras
esses pranto tão sentido
e soltas de quando em quando
um tão pungente gemido?
Eu choro todos os dias
nessa hora que o sol esconde
com pena da companheira
que se foi, não sei pra onde.
E choro porque a amava
e a saudade faz gemer.
Tens tu pois um coração
que é capaz de amor conter?
SONETO
Há três anos, ò santa companheira
por entre tanta dor, tanta amargura
partiste e me deixaste a vida inteira
sem amor, sem conforto, sem ventura.
Eras tu, oh sublime criatura,
tão terna e minha amiga verdadeira
que um filho, imensa prova de ternura,
me deste na hora extrema e derradeira
vendo quem sem te ver não mais queria
viver e se quisesse não podia
deste-me o Cláudio e Cláudio deu-me a vida.
Que ao vê-lo, é teu retrato, vou te vendo.
E assim vejo que tu mesmo morrendo
inda olhavas por mim, pobre querida. 20.05.1918






