Tu que vens de longe, do íntimo das tardes
das oficinas do entardecer
tu que vens de invernos turvos
do imo de rochas puras
ou de minha alma vândala
e inconclusa.
Tu que me acarinhas inquieta quando
sofro teus sabores e avultas satisfeita
ante meus ardores sem palavras
e ânsias tão gritantes.
Tu que me pecas e consomes
com tuas flores tão sinceras
e trazes auroras vermelhas
entre as pernas longas
entre coxas outonais
(para mim primaveris).
Telêmaco, estrábico, quase mentecapto, sonda
o imprudente horizonte (impotente)
cujo azul sempre fora aziago
à cata de rastros, náufragos trapas, duros vestígios
pistas, traços, remos quebrados, ramos (de oliveira e saudade)
folha de relva, restos tênues detalhes de Ulisses.
De alguma nave com a sombra ardilosa do pai
arrastada por Agamenon ao leu da odisseia
algo que denotasse o barco ébrio lisbonense
navegando o mar errante como um cão abandonado.
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