A ilusão tem garras (e dura como o podre)
seus dentes são fundos (afiados como a náusea)
quimera astuta e faminta me espera
construída de louça cega (e censura longa)
que à louca alma engana, embora
a dor do logro não supere
a mais amara ainda dor do sentimento vazio.
(A súcia da esperança não me ampara).
II
Que estranho licor boca destila
que estrelas vêm bebê-lo todo
iluminadas de teus olhos
amasiadas de teus seios
que néctar tão forte
tua carne deflagra
exala teu seio inocente
tão ereto aroma
que meus pelos se eriçam
e o desejo me morde
apenas te cerceia a alma.
Rubor que bebo advém
da carícia que fiz
sem querer
numa assustada manhã
em que os corpos se viram
sob fulgurante estandarte de pássaros?
E foi vinho da pele ou ardor do lábio
sabor que subiu.... e lambi (como rubor).
E todos os desejos se alongam (inaplacáveis)
ao galope de teus pelos
ao aroma de teu nome.
A teu olhar que empalidece estrelas
urde assassinas candeias
lumes cega e empobrece manhãs
a teu olhar aurora e lâmpada
do meu mundo (escuro e antigo)
que é voo da pupila e certeza de queda
a teu olhar a fulgir
do meu ignoto rosto
que é fulgor e pássaro
(de onde unjo néctar da renúncia)
trago de mágoa
veneno de alegria (de ver teu olhar).
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