Só no Brasil, por questões e razões vinculadas a nosso passado histórico (leia-se cruel processo colonial) ou melhor,
devido ao estranhamento que sofreu nosso processo histórico, o termo e o conceito POETA, até hoje guardam sentido pejorativo, apresentam conotações de algo separado, marginal, antiprático, e daí inferior, um desvalor, ou no mínimo poeta é alguém fora da realidade, abaixo ou acima do normal, mas anormal.
Em todos os outros idiomas, poeta tem a capacidade de expressar o que é mais real, capaz de, através das palavras, discenir a real realidade, a essência, ou o que é mais real essencial da realidade humana, aquilo que é permanente, no sentido dialético do termo. Em alemão a palavra poesia é ação, significa fazer. O poeta-encanador. O poeta faz, condensa, cria. Poiesis – ação, fazer, agir.
Vinculado ao preconceito vigente sobre o poeta, que a sociedade brasileira continua a insistir do ponto de vista inferior de que poeta não é homem de ação, etc, nascem a vontade e o desejo do poeta responder a essa sociedade, através de uma poesia que ela entenda, admire, etc.
O poeta brasileiro, humilhado, se humilha ainda mais e torna-se um mamulengo, fazendo uma poesia fácil, antiquada, lógica, arrumada com rimas e macanizada com velhas métricas, para expor esse produto à sociedade, visando conquistá-la, mostrar serviço, e assim amplia o fosso e torna-se coisa especial, mas à parte.
Sorriso da sociedade, segundo Afrânio Peixoto.
O conteúdo de um poema não deve ser lógico, ideológico, prosaico, mas poético. Se você está a compreender toda uma realidade humana.
Octavio Paz – todas as civilizações nasceram vinculadas à poesia.
A poesia acima do real no limiar do absoluto. Apenas precisamos vencer a superstição de forma, da forma exterior. Qualificar a essência. Manter a simetria externa, observar o som, medir a frase, é privilegiar a quantidade.
A poesia é para compreendermos não para sermos compreendidos.
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