Era um pais atrabiliário. Que violava por violar.
Era uma nação de manhãs perigosas
(situada num tempo voraz e cadavérico
fora do rumo, da decência e do mundo
como rumor se despedindo da voz infantil
era o caos político originário de 64)
cujas ruas nos assassinaram
e avenidas foram proibidas
e as praças de ovação ática atacadas
sob desculpa decrépita do perigo do devaneio e da certeza
ou sob escusa covarde de falarmos muito, muito
e não escutarmos autoridade senil.
Excesso de alegria, alegria não era permitido
nem banda podia-se ouvir passar.
O tímpano do títere era rubro como outubro
quebrados martelos sua alma.
Em seu plantão iníquo e terrível
de vinte anos duros e mortos
era brutal o império do medo cidadão
a dor inviável (e fértil)
próspera a impotência.
Menor ruído de ideia levava a sono
sem acorde
catre violento a corpo destinava-se.
Destino covarde morte imposta para nada.
Mandíbula cercava palácios e praças.
O delírio extremo era matar-nos a todos.
Tortura era apenas intervalo do martírio.
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