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Qua, Abr

destaques
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Era um pais atrabiliário. Que violava por violar.

Era uma nação de manhãs perigosas

(situada num tempo voraz e cadavérico

fora do rumo, da decência e do mundo

como rumor se despedindo da voz infantil

era o caos político originário de 64)

cujas ruas nos assassinaram

e avenidas foram proibidas

e as praças de ovação ática atacadas

sob desculpa decrépita do perigo do devaneio e da certeza

ou sob escusa covarde de falarmos muito, muito

e não escutarmos autoridade senil.

 

Excesso de alegria, alegria não era permitido

nem banda podia-se ouvir passar.

 

O tímpano do títere era rubro como outubro

quebrados martelos sua alma.

Em seu plantão iníquo e terrível

de vinte anos duros e mortos

era brutal o império do medo cidadão

a dor inviável (e fértil)

próspera a impotência.

 

Menor ruído de ideia levava a sono

sem acorde

catre violento a corpo destinava-se.

Destino covarde morte imposta para nada.

Mandíbula cercava palácios e praças.

O delírio extremo era matar-nos a todos.

Tortura era apenas intervalo do martírio.

{jcomments on}

Murilo Gun

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