Beleza é Verdade. Verdade é Beleza. Poesia é verdade. Goethe e Keats. Quanto mais se adentre na beleza, mais faça sua, mais submirja a vida e a veia na beleza,
mais se acerca da realidade real – e se afasta da mera aparência. Fuja do simulacro das coisas e dos homens (nunca desmascarados), mergulhe na Poesia Absoluta.
Não se encontra nada na natureza que esteja isenta de poesia. O que é essa estranha coisa que existe em tudo e toda parte (e que lógico não é Deus)? Ao mesmo tempo e tão rara? Que é essa coisa (poética), a poesia absoluta, presente em potencial (dificilmente atualizável), que está onde se olha, mas se faz invisível?
Isso porque a poesia não está na aparência do real, mas no real em si.
Poesia brota (como rosa) quando encontra objeto que a contenha (incontenha?), objetive, atice. E o sentido poético do leitor atue como condição subjetiva.
Entre a percepção corrente e ordinária (normal) da realidade e a percepção poética dela, grande distância jaz. No primeiro caso (de perceber de modo comum a realidade), o leitor é simples receptor passivo. Na percepção poética (quando captamos poeticamente o real), nós nos projetamos fora de nós mesmos, nos despersonalizamos, abandonados o eu, para lançarmo-nos, mergulharmo-nos no interior da realidade (vital).
Platão chamava isso de possessão. Divina. Entusiasmo: Deus nos penetrando, de nós Se apossando. Daí, a conclusão fajuta e romântica da inspiração.
Daí, o conceito de que poeta é louco, possuído pela musa, etc.
O verdadeiro conhecimento poético, o conteúdo vital do real não está na superfície das coisas, não se resume na aparência do que se vê, se lê, se entende. É uma captação profunda. Além, muito além (ou mesmo aquém) da realidade ordinária, está a substancial.
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