A peleja com o anjo
se dá no ringue da página
teatro onde as letras
estraçalham o sentido
tablado retângulo branco
arena da luta imortal
do poeta com a palavra
à nuvem álvara do linho trava-se
prélio com a palavra diária
pugna soberba do anjo do verbo
com o homem comum desata-se
mácula do poema fica na alma do tempo
como cicatriz viva florescendo
à inocente sombra da lauda
dor palavra promulgada
com o alicate de sintaxe das estrelas
na crucial assembleia das sílabas exarada
na turbulenta vertigem dos adjetivos
veia escura esvaziada
de cães e rumores rurais
à luz do gás prosaico
poeta deixa cair a altura
para sobrevivência do poema.
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