Baudelaire tinha o profundo sentimento de que o horror de viver não pode ser consolado pela morte nem substituído pela glória de ter algo.
Não há nada que esgote ou anule o horror de existir, de ser, que é a existência, que tem como principal significação o sentimento de que nunca se deixa de existir, não se sai da existência, existimos e pronto, e sempre existiremos até a exaustão de Deus, o que é revelado por esse horror. Exemplo: ”Mostrar que / até na cova / o sono / prometido não é certo / nada é traiçoeiro / a morte mente / há projetos esquisitos / mais carne para o espírito” (Baudelaire). Pois busco o vazio, o escuro, o nu... o nada em si.
1.Portanto, não se deve contar com (o) nada para chegar ao fim.
Maurice Blanchot
2.Valery censurava Pascal por estar exageradamente desesperado e expressar por demais perfeitamente esse desespero.
3.É no sepulcro que Jesus assume uma nova vida, não na cruz. Na Terra, Ele só teve sepulcro como repouso. Seus inimigos, só permitimos a Ele a paz do túmulo.
4. “Não odeio em mim essa imensa amargura
de não ter achado o fogo que me consome
de tudo esqueci, sufoquei o triunfo
da carne e tantos vis troféus”. P.Valéry
5.Tudo é e nada é. Heráclito
6. O inferno são os outros. Sartre
7. (O) nada é tudo o que eu tenho. VCA
8. Tudo é ilusão e a ilusão é uma ilusão. Fernando Pessoa.
9. Poucos atravessam as Portas da Percepção
muitos encontram no fim do seu périplo
os portões do inferno, alguns poucos
alcançam o limiar dos portais um tanto oxidados do paraíso
mas morrem de êxtase na praia
ante masmorras do mal sucumbem
mas assim não está escrito (maktub negativo)
nas linhas da mão nem nas páginas do coração de Deus:
porém na testa do Destino
que as moiras estrelam
de treva e martírio. VCA
10. Empurro para baixo minha pedra
sou Sísifo, embaixo está o rio
e é mais fácil descer até o início
(que é o mesmo fim) diminuindo a pedra
e as minhas mãos (diminuindo a vida)
vendo as fotografias ao contrário
(mais novo em cada uma) vou cantando
sobre as flores (que a terra está florida)
e eu não sou mais poeta, sou menino.
Última estrofe do lírico-épico
poema Sísifo, de Marcus Accioly
onde o poeta assume ser o mito.
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