(haicais)
Musselinas silenciosas
sobre camas adormecidas
sabem a teu corpo sempre
(marcas que o âmbito cego do desejo
ou a asa putrefata de um anjo
não apagam)
rosnem cordas ou calem
mas a música lasciva guarda
do grito a cor do silêncio
o arrulho de um lábio sem pejo
a sílaba do seio que lateja
em minhas mãos acolhido.
Longe o canto
rouxinol não sabe
a quem console
o afago do seio do lábio
a volúpia do olhar desnuda
o ouvir alfazema velada
tombam fatigados frutos
apodrecem precipícios mudos
só a lembrança como veneno perdura
os almendros do jardim
já não mais se alegram
como antes de ti.
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