A poesia – no sentido superior de algo que avassala e sublima o espírito – permeia a humanidade, desde Deus.
Em especial, os poetas antes de Cristo e do capitalismo (asiáticos, africanos, irlandeses, gregos, romanos). Esse “pastor do ser (o poeta), como o figurou Heidegger, tratando de Holderlin e Nietzsche, é portanto um ser nostágilco da antiga unidade do homem, estado pervertido ao longo da civilização reformada nos últimos milênios (pós-Cristo). Sobre esse sentimento arcaico, li e anotei um livro do luso Carlos Reis (História da crítica).
O sentido do poema não é um sentido (da palavra) de, nem um sentido (para a vida, por exemplo), bem como não é um sentido de referência, que se esgote em um objeto.
É um sentido contextual, imanente e transcendente, ao mesmo tempo.
Essa lida pelo sentido é algo bem inútil.
Barthes dixit: A literatura só é linguagem, isto é, sistema de signos, e o seu ser não está na mensagem, mas sim em si mesma (no caso da poesia). Então, não precisa decifrar o sentido do poema (o que se disse e por quê), mas apenas chegar à forma como foi dito, à construção do poema. Chegar à organização que foi dada aos significantes (e não estrita e necessariamente aos significados).
O sentido está, reside, realiza-se no não sentido. O que importa é a forma do sentido. E não a mensagem comunicada como fim e objeto do poema.
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