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Sex, Abr

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Poema absoluto é a palavra insinuando-se na página da alma imaginando-se poema ou/e em ato de expressar o imaginário do poeta,

com a potência da maior expressão possível, de modo a “dizer” o que as palavras ainda não disseram.

 

É a palavra conforme com a forma.

E na poesia absoluta é axiomático que cada poema tenha uma forma diferente de qualquer outro. É a vária forma que caracteriza a Poesia Absoluta.

A matéria do poema absoluto não é só a palavra, mas esta conforme utilizada, isto é, conforme a vária forma (que é o conteúdo).

Alguns (muitos) alegam convictamente que o poema formatizado conforme as leis rígidas e quadricentenárias da versificação evita o tédio, instila o imaginário aritmético, incita o jogo silábico e a caça à rima é algo emocionante... e aventuroso. O verso livre torna-se enfadonho (e fácil...!). Não há atividade imaginativa – e como tal criadora – que seja desinteressante, para quem  se dispuser a reimaginá-la para si mesmo, e realizar o potencial de criatividade linguística e literária, isto é, artística, para criar algo novo – e não copiar, repetir ad nauseam algo velho.

Toda atividade criativa – científica, humorística, jornalística, docente, psicológica ou artística é divertida. O ato criativo, desde a geração e evolução dos filhos, até um poema absoluto, é prazeroso igualmente.

O trabalho realmente criativo é do âmbito da inovação – do que Pound dizia make news – exige constante recriação – e não acomodação (a tal zona de conforto que Murilo Gun exacra, despreza e arrasa) é  desconfortante para os habituados.

Por isso digo: poesia é para desabituados, para habituados não é poesia.

Nenhum poema – em especial os bem criativos – se oferta ao leitor pronto e acabado, inteirinho, com começo, meio e fim, nessa ordem exata. Como gosto de dizer: já deglutindo, mastigado, que o poeta vomita na lauda... e leitor “faminto” suga... e fica satisfeito com a saliva da rima. Não. É preciso saborear desde a raiz o poema, refazê-lo, dar-lhe a forma do leitor etc, pois o conteúdo reside nisso, nessa ação poética do leitor leitor.

A ridícula questão: estou tentando compreender o poema... e não consigo... sem  dicionário... é algo de tamanha ignorância que dói. Não há o que compreender prosaicamente falando num poema. Se quiser entender (ou dizer algo) use a prosa, que foi feita por Deus para compreender e dizer coisa.

E o (mau)dito poeta, aos milhões, anda por aí, pelas páginas (de livro, jornal, revista e facebook) espalhando poemas prosaicos, versos arremedados, histórias enformadas em versos, secionadas em linhas etc.

15.10.2015

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Murilo Gun

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