Amo a treva. E seus olhos longos e lânguidos como ângulos
Sonho com o artelho de Aquiles a cada manhã
amo cheiro de terra e inferno (que suguei
de um canto de Dante)
amo manoplas e decretos
vidro de missas, águas vândalas
decúbitos em progresso
nuvens natalinas
cornucópias estéreis
lampejos quebrados
rimas estragadas
e sabores de dor
além de sabres habitando a carne.
Amo frasco de bromil e centopeia em abril
amo fontes vazias e desertos amplos
sobretudo amo as formas da guerra
e distúrbios vermelhos.
Amo bolor e confete amarelo
jardim fanado, verão desolado
hóstia de sal, serpente eriçada.
Amo saber que o amor não virá a tempo.