a Cioran, o gênio romeno gaulês
Sonho com concílios de tílias
em calientes assembleias de chávenas
nas núpcias das madrepérolas da alma.
Amo jade noturno e lua inclinada.
Flagro na tarde de seda sigilo de aroma.
Luz em destroços, lume deserto, mas vivo.
Sempre passeio antes da lua dormitar.
Toda mulher é Maria.
Crepúsculo metálico alumbra céu plúmbeo.
Abismo atordoa.
Desencanto é palavra viva
mas escura.
É o brilho do sêmen, sua disparada
ao pódio do óvulo que o exalta.
Ferragem do sonho, construção da ilusão nos andaimes da alma.
Quis inventar os olhos: não ruas de lágrimas
casas de luz.
Ósseo esquálido falo esqueleto do anelo.
Na anágua do teu delíquio
no contato extático da carne
me realizo.
Ao céu indecente das ancas
subo quando pedes.
O arroio de teu fogo afoga
dúvidas e dores.
Na angra de teu corpo mergulho
todo duro.
Na seda de teu ser durmo
ao calor macio das coxas derreto.
Apalpo caminhos de mim
quando alento de ser me concedes.
Dedos se deliciam
com a diva rugosidade do mamilo.
Clarão desanuvia o coração. Era
a lua solitária no céu vagaroso
dizendo-me não esquenta
dou-te meu perdão de prata.
Ávido madrigal de desejo árido traço.
No instante sigiloso da noite lunar
à luz incerta da fonte mortiça
bebi o futuro nos teus seios
em haustos extáticos.
Sigilosa sibila exorta
o há de vir
esculpe os ângulos do lodo
os cones do sangue escande.
A incúria abre caminhos.
O ácido da vida é puro.
O gozo da carne lauto e túmido.