I
Sou infinitamente ambíguo
meu nome é incerteza a princípio
e como o infinito é pequeno
me ouço como rumor de verme
a bailar no páramo da alma.
II
Apliquei na tela incerto azul
para a rosa da manhã
desbotada da toalha.
III
A lua beirou a janela de meus olhos
e parecia uma foice de alface.
IV
Estou a concluir o livro
Riste de falo amanhã.
V
Orgânica e inteira a noite
dissoluta ou não
é minha irmã maior.
VI
Colecionava geometrias pardas
(e crucifixos vítreos à tardinha).
As edificava em bueiros azuis.
Como edifícios cristal as ouvia
quando ressoavam poliedros.
Amealho arestas náufragas
na bacia dos olhos.
Quais fossem relâmpagos de gelo.
Trituro navalhas
à massa afiada adiciono
pó de triângulos
e fios farpados.
2000/2001