Olhos são minas de azul, senhora
que busco mirar, sincero minério de luz
chorando por vê-los capturados
de lume desesperado e desejo
são sois seus olhos, senhora, ou signos
deslumbrando-se e nativos mundos atentos
e eu sou só noite sem sentido
em busca de iluminação e sustento
são ruas seus olhos, senhora, ermos
por onde vago ébrio e indeciso
errante encontro neles círios
ao invés de astro ou minas azuis
são rios seus olhos, senhora, de indômito
fogo incessando de ferir-me (de incenso e cio)
linces que de êxtase me mordem o íntimo
espelhos que são feitos de mirar-me
olhos de onde nasce o dia
embuçadas auroras nuas a banhar-me
escuro e solitário, senhora
que a lucidez do azul selvagem subjuga.