Que corre no grande rio estranho
senão caudalosas lágrimas (ou crocodilos loucos)
que se recolhe dele que não seja dor
do povo náufrago do Eufrates preso
a aços fundos da saudade em vão?
Que reverberam nas ribeiras do grito
senão correntes de ferro líquido?
E os ecos dos clarins feridos que destilam
senão pérolas de pura agonia
amaros elixires que ensurdecem nomes?
Que correnteza de vozes e urros ermos
faz tremer horizonte dos sôbolos rios
senão o longa pranto dos cativos?
(cujos olhos saudade acorrenta
a banzos inacabados do futuro).
O que cristalino segredo das águas abre
senão fino lauto choro dos exilados?
Que são os rios da Babilônia senão
torrentes que choram saudades de Sião?