Eis que é chegada a hora
de executar rosas
trucidar flores.
Matá-las é o momento
maior da glória humana
gasta em genocídios
por balas, credos, fomes, gostos
bestas, coros, letras, dardos de orgasmo.
Enforquemos rosas matinais
e nos absolvamos das falcatruas
e dos assassinatos seminais.
Crememos rosas das campinas
e esmaguemos seus botões.
Flores não têm sentimentos.
Bilhões de bilhões de auroras
seus esplendores plantaram
no ambíguo coração dos homens
(e esperaram frutos vãos
legados de nada
heranças caladas
cargueiros escravos
edifícios de trevas).
Auroras (facínoras auroras) fincaram
seus mastros nos pântanos
dos corações humanos
(côncavas tumbas
músculos pulsáteis
(trevas bursáteis)
falos de sangue
carnes batidas
antros profanos).
Estenderam seus estandartes inutilmente
tochas exaustam levaram aos frios olhos dos homens.
Choraram de impotência auroras.
A que horas colher lágrimas
que tempo mais propício
à ceifa desse orvalho íntimo
facial, esotérico?
Em que colher, lenço, utensílio, bacia, talher
fazer pousar essa água redonda?
Face? (Repositório de água)
E o pulsar da lágrima semelha
corações em glória.
Ou hospitais em flor?
Ou revoluções levantinas suburbanas?
Ou trêmulas hecatombes no lenço maculado?
Ou fogos que se fazem chamas graves
e lago grãos de lágrimas ardendo
do incêndio triste das faces decorosas?
O ícone tremia como bandeiras
que vândalo vento consumia
em largos beijos que rugiam
e ias a mim devota como a morte.
Que metro, cântaro, olhar
TV ou sentir é exato?
Ou tudo é vão?