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Qua, Abr

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Para Pitágoras, tudo é número. Para Daniel Santiago, tudo, de cabeça prá baixo ou não, também é número. Para o primeiro, público, para o segundo, íntimo (púbico).

A grandeza de Daniel Santiago é que esse grupo de Numero Íntimo era oculto e ele o trouxe á tona, espetacularmente.

A propósito, Novalis filosofa sobre a maravilhosa mística dos números e Daniel Santiago publica-a.

SISTEMA NUMÉRICO DANIELINO

O sistema decimal de Daniel Santiago é quaternal. Dele, ele expulsa os números menos nobres ou mais pobres: 0, 2, 3, 4 e 5.

1, 6, 8 e 9 biunívocos acrobáticos são os escolhidos de Daniel Santiago.

O critério danielino para essa seleção vital é que estes são cabalísticos, ginásticos, trapézicos, capazes do salto alto e imortal de cabeça prá baixo.

Através deles, Daniel Santiago chega ao quociente do inconsciente, a uma fração completa de todo o id, derivando por transportes isocrônicos.

ANÁLISE NUMERAL

O número 1 é o todo, primal, o alicerce, ombro de Deus, (alfa sem ômega) pois os números não têm fim, são infinitos, conforme o ábaco ordinal de Daniel Santiago.

O número 6 é simbolicamente puro. Deus fez o mundo (O cosmo, tudo, todos) em seis dias de trabalho contínuo. No sétimo repousou do ingente esforço. A criação do mundo em seis dias é chamado Haxaemeron

O número 8 representa o dia da ressurreição de Cristo, ou o oitavo dia da criação, o recomeço. Daí as pias batismais terem forma octogonal. E o infinito ser um oito deitado, descansando da fadiga da infinitude. (Que deve ser um saco, intérmino testículo de Deus).

Ou a rosácea de oito pétalas dos vitrais.

O número 9 é formado do 3, 3 vezes 3.

E é o número canoro, angelical. E representa o coro dos anjos e as nove esferas cósmicas. Além do nono e último círculo dantesco.

QUEM É DANIEL SANTIAGO

É uma espécie (especialíssima) de numeralegista. Porque além de legislar e legisferar (fera que ele é) o íntimo numério, ele aplica (além de técnicas legislativas porque ordena e controla) técnicas legistativas, isto é, legistas, ao ler com olho clínico, quase forense, dissecatório, os números (como que criando uma estética matemática ímpar ou prima).

Autor de vários livros de artista, o multiartista Daniel Santiago apronta outro: Tabela Poética dos Números Íntimos. Envereda pela matemática estética, escavando a intimidade dos números, adentrando o hímen pitagórico e mucosas aritméticas com seu potente faro (ou falo?) de arte inusitado, beirando o verdadeiro delírio criador.

ÍNTIMO DE FREGE

Daniel Santiago, leitor de Frege, (cujo nome deveria ter sido Daniel Kantor Santiago), em atenção ao outro amigo Georg Cantor de Halle, russo barbudo, desagradável genial, conhecido por perder o decoro, matemático sem limites, morreu num asilo esquizofrênico de Halle, Alemanha, em 1845.

OPERAÇÃO AUTOPSÍACA DANIELINA

Daniel Santiago abre o cadáver do número, expõe o intestino e as fraturas da fração (com assepsia podre de inovador sem peias) e dele (ou desse esqueleto aritmético) extrai a essência noumênica, supernumérica, todo o íntimo ôntico* dos números.

É um trabalho fino, bisturítico, mesmo noturno (ou diuturno, levado a cabo sob a luz azul de seus olhos gnômicos aquários).

Daniel condescende com a metafísica numeral (Matemática filosófica) ao elaborar esta Tabela louca, mística, pulcra, dos números íntimos, dos quais fez evisceração abstrata.

DA MODERNIDADE DE DANIEL

No âmbito da alta modernidade, ouve-se falar de Joyce, Picasso, etc. Agora falamos de Daniel Santiago. Que, com essa nova tabela passa a integrar a linhagem que vem de Pitágoras e vai até Isaac Newton. Da estirpe do velho Gauss até Euler, Laplace, Monge, Einstein.

Este livro é a razão (o quociente) ARTE/NÚMERO.

Para Daniel Santiago, os átomos do tempo são instantes ou átimos instantâneos. E os sítios do tempo são íntimos números.

Daniel salta da cova dos números e adentra a confusão infinitesimal, atravessa as vertiginosas pérgulas das inequações cósmicas e profundas álgebras do tempo e das veias do mundo. Alcança o fruto sacro do Número Íntimo. Infinitos infinitésimos é o que Daniel busca, íntimo que se torna dos números, esses animais do espírito (que animam a mente).

Ave, Daniel Número Santiago!

ÊXTASE DO LEITOR DO LIVRO DE DANIEL

Ao debruçar-se sobre esse poema algébrico, essa prosa algorítmica, o leitor vai num crescendo êxtase matemático, vai num assomo à ascese, entra em transe matemático-estético e sânscrito numérico, tanto pela beleza gráfica de cada página quanto pela leitura digital real (isso é, de dígitos verdadeiros).

E sente-se bem a frege de Daniel Santiago com os números desde tantos outros livros de artista, incluindo o belíssimo romance digital Cafunés em Potencial.

Seu saracoteio algarítmico, cantarolando com dígitos criando o incriado ainda (o conjunto danielino de números íntimos), prova sua genialidade artística, sua comunicação com o espírito do número, sua participação na arte futura (que ele já fez, antecipando o porvir artístico).

GERAÇÃO DO CONJUNTO NUMÉRICO DANIELINO

O mais novo conjunto matemático de números excepcionais é o criado por Daniel Santiago, através de um procedimento inteiramente científico (além de visualmente artístico).

Ele seleciona entre os dez dígitos existentes, 4 (1,6,8 e 9) e propõe um efeito (a leitura inversa: lembre-se que o inverso de 2 é ½). Daí cria uma regra, certas condições para geração dos números que contemplem aquelas especificações, ou seja, gera série infinita de números com a propriedade estabelecida.

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*Adjetivo - Relativo ao ser - FILOSOFIA em Heidegger, filósofo alemão (1889-1976): que se refere ao existente, isto é, à ordem do dado concreto da experiência, e não ao ser em si mesmo

Murilo Gun

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