Nesse jardim esmaecendo ainda
rosnam rosas sonhadoras
e flores arrulhando esparzem
pólens multicores (lindonos)
em cavas túnicas de pétalas
separadas das sépalas
entre borboletas esmeraldas
esmerando-se no garimpo do néctar
eflúvios de sêmens florais lançado
de crisântemos noturnos ágeis
de lírios nus e magnólias estranguladas
ou cravos funebrizados
nesse jardim de favos inférteis
e louco trabalho de ágeis abelhas fúteis
nesse jardim de jade e carbúnculos
onde camélia é puta
e o brilho da aurora insulto (ou aroma)
ao falo do sol em pleno levante
oblíquo de lasciva luz em cio
até o sal último da criação
desmoronar como os muros de areia
das torres de Babel. Ou papel.
Nesse jardim a sedução vital
a coerção original
todo o despudor de Deus
ao criar o reles homem
prestes a destruir o Todo
com ínfera perfeição.